Caminhada pelos centros históricos, fazendas e jardins é ótima maneira de conhecer a região.
O Vale do Café é tão rico em natureza que merece um roteiro sem paredes, para que os caminhantes aproveitem o melhor do ar puro e paisagem. Fizemos uma seleção das melhores opções para passeios à pé pela região. Vamos nessa?
PASSEANDO POR VASSOURAS
O município de Vassouras tem tantas opções de passeios ao ar livre que merece até que seja colocado em suas etapas, para assim conhecer tudo de melhor que a cidade oferece.
Dia 1:
Hospedar-se na Vila Hibisco Pousada e Apart é a primeira dica para esse roteiro, já que está localizada a apenas alguns metros de onde partiremos.
Após um café da manhã saudável e delicioso, com gostinho de bolinhos caseiros (que já mostramos por aqui), é hora de aproveitar cada cantinho dessa cidade histórica, que tem seu conjunto urbanístico tombado pelo IPHAN.
Saímos em direção à mais linda das praças, a Barão de Campo Belo, que chama atenção pelo desenho dos gramados e caminho de Palmeiras Imperiais. Vamos caminhar até o Chafariz Monumental, construído desde os tempos do império e sentar para fotos sentindo a brisa no rosto.
Seguiremos até o alto da praça, em direção à Igreja Nossa Senhora da Conceição, uma belíssima construção de 1833. Entrar na igreja é a sugestão para quem ainda não conhece: sabia que a cada nova visita a uma igreja deve-se fazer um pedido?
Atrás da igreja, um dos recantos mais fotogênicos da cidade: a Praça Sebastião de Lacerda. Ali há o caminho das figueiras, são 16 exemplares de árvores frondosas, de tronco largo, que fazem uma grande sombra no trecho de paralelepípedo. Dizem que abraçar essas árvores centenárias dá boas energias.
Vamos agora descer a rua pelo lado direito, área ainda dentro do perímetro protegido pelo IPHAN, e passar em frente ao Centro Cultural Cazuza, que existe desde 2018. Ali há uma exposição permanente sobre a vida do artista, com itens que pertenceram a ele, rascunhos originais de composições que se tornaram célebres e uma escultura em tamanho real.
Vamos descer a praça e seguir até a Antiga Estação Ferroviária, onde há um raro exemplar de locomotiva que circulou na Estrada de Ferro D. Pedro II. Um dos locais favoritos para fotos, dá para sentir a atmosfera de como era a passagem do trem no passado… tantos reencontros e despedidas aconteciam ali!
No mesmo local está o Memorial do Trem, com exposição de peças antigas do antigo ramal ferroviário. A melhor parte é definitivamente a recepção dos simpáticos membros da Secretaria de Turismo, que contam histórias e curiosidades da região, oferecendo provinhas do café de Vassouras e variedades de cachaça local.
Dia 2:
Esse passeio por Vassouras é para quem tem pique! Começamos pelo Hotel Santa Amália onde faremos um breve tour histórico na área do hotel: conhecendo a coleção de objetos utilitários antigos e curiosidades de quando o prédio do hotel funcionava como o convento.
Seguimos por uma leve subida até o Centro da cidade e iremos até o Museu Casa da Hera, que pertenceu à família de Eufrásia Teixeira Leite, uma das nossas personagens favoritas.
Nascida em 1850, foi uma mulher empreendedora, inteligente e corajosa, que ousou contra os padrões da época, permanecendo solteira para manter sua independência. Ela reuniu grande fortuna e deixou a maior parte dos seus bens à cidade, e, dentre seus pedidos, que fosse mantida intacta a casa onde nasceu.
E assim foi feito: a Casa da Hera é retrato de um autêntico lar do século XIX, dividida em área comercial, área social e íntima. Entre as raridades, está o piano Henri Herz, original do século XIX e vestidos que pertenceram à Eufrásia, assinados pelo inglês Charles Worth, considerado o pai da alta costura.
Com muito o que ver no interior da casa, há também o espaço externo, onde está o “túnel dos bambus”. Dizem que quem segue até o final do caminho encontra o amor da vida! Romântico, né? 😍
Após um passeio leve, vamos à parte mais intensa da caminhada. Iremos até o Mirante Imperial, onde poderemos apreciar a mais linda vista da cidade! Fôlego, força e determinação. Só parem quando chegar ao fim, porque a vista é recompensadora!
Na foto, um pequeno spoiler, mas garantimos que ao vivo é muito melhor!
CONHECENDO RIO DAS FLORES À PÉ
Agora, vamos de Rio das Flores? O centro do município tem aquele delicioso ar de cidade interiorana, com paralelepípedos, pequenas pracinhas, árvores frutíferas, casas e prédios baixos.
Começamos pela Igreja Matriz Santa Teresa D’Ávila. Em frente à aconchegante igrejinha está o busto do aviador Santos Dumont, que foi batizado no local.
Descendo as escadarias passamos pela praça do comércio. Vale provar um quitute local em uma das lojinhas.
Agora nosso destino é o Corredor Cultural da Rua Leoni Ramos, onde estão alguns prédios bem bonitos como a Câmara Municipal e a Casa de Cultura. Os dois são construções fruto do período cafeeiro, em que o município possuía algumas das maiores fazendas produtoras.
A Câmara é de 1898, tem estilo neoclássico, e possui revestimento externo imitando mármore, além de frisos que criam ilusão de que partes da parede estão em relevo. O prédio da Antiga cadeia e Fórum é de 1986, e foi totalmente restaurado há 3 anos, dando lugar à Casa de Cultura. Lá há exposições sobre o município e Santos Dumont, com uma escultura do aviador em tamanho real.
Após passear pelo centro histórico, a sugestão é caminhar até o Cruzeiro, a aproximadamente 2 km de distância, de onde se vê todo o centro.
Importante: Os prédio históricos do centro funcionam de segunda a sexta, em horário comercial.
PASSEIO À PÉ NA FAZENDA ALLIANÇA AGROECOLÓGICA
A Fazenda Alliança é ideal para quem quer uma imersão em um ambiente rural. O passeio começa pelo circuito histórico do café, percorrendo as antigas instalações de separação do grão desenvolvidas pelo antigo proprietário, o Barão de Rio Bonito. Dalí, vamos ao terreiro, que foram conservados desde o século XIX, e observaremos os lindos pés de café orgânico.
A seguir, visitaremos a horta orgânica acompanhados pelo André. Vamos experimentar algumas das hortaliças e descobrir que alguns matinhos são comida! Sim, são as chamadas PANCs – plantas alimentícias não convencionais.
Vamos dar uma paradinha? Sim, o caramanchão com a mucuna vermelha em flor é um convite a apreciação desse espetáculo vivo! Quem gosta de flores pode aproveitar e conferir nosso post sobre as flores de outono, que estão radiantes em diversas estações.
Dali seguimos para o mirante. Uma leve subida que nos guiará até o ponto mais alto da fazenda para apreciar a geografia da região: o infinito mar de morros que preenche o olhar. Para completar, uma caipirinha com frutas do pomar pode ser uma dica!
Finalizando esse roteiro, um almoço da fazenda, com muita salada, flores comestíveis, carneiro, para os carnívoros, e quiche de queijo de búfala para os vegetarianos. Um cafezinho da fazenda servido na varanda, finaliza deliciosamente esse roteiro!
PELAS TRILHAS DA FAZENDA SÃO LUIZ DA BOA SORTE
Na Fazenda São Luiz da Boa Sorte a proposta é fazer uma caminhada ecológica! Passando por exemplos de diferentes espécies da Mata Atlântica, e vendo, de perto, como a preservação é importante para a manutenção da vida na Terra.
Percorreremos a trilha que passa pelo projeto ecológico da Fazenda São Luiz da Boa Sorte , chamado “Mata D’água”, inspirado nos conceito do renomado estudioso de agrofloresta e agricultura sintrópica, o suíço Ernst Gotsch.
A trilha de 2,2 km é uma caminhada leve, passando por espécies nativas como angico vermelho, jacarandá bico-de-pato e pelo novo plantio de café sombreado. O céu azul é um calmante natural, a respiração de ar puro é um alento ao pulmão e o som dos pássaros é música para os ouvidos.
Ao longo do caminho, placas explicativas nos lembram a importância da preservação das matas para o planeta. Entre elas, como a transpiração das plantas é fundamental para a manutenção do ar úmido, que leva chuvas ao continente. “Não há floresta sem água e não há água sem floresta.”
PASSEIO PELOS JARDINS DE UANÁ ETÊ
Agora nosso roteiro chega ao auge: o Jardim Uaná Etê possui nada menos que 22 jardins para se conhecer e aproveitar cada cantinho como quiser, descansar, correr, tirar fotos, namorar…
Começamos nosso passeio pelo Labirinto da Música, lugar para se perder entre as obras interativas que contam sobre o início do som. Ali encontramos cristais, conchas e demais elementos sonoros, fazendo referência a nomes como Pitágoras, Fibonacci e Leonardo DaVinci. Um passeio cultural de descobertas.
Dali vamos sentir o ventinho batendo no rosto curtindo o balanço. Depois subimos até o Bosque dos Sinos vamos ouvir o soar de cada um deles como reverberam.
O próximo ponto é a obra “Liberdade Natural”, uma asa de mais de 2 metros que possibilita simular a vontade de muitos nós, de termos asas de verdade! Esse tem sido o local favorito para fotos.
Cores despontam na paisagem: é a Árvore das Infinitas Possibilidades, onde deixaremos amarrados nossos pedidos em fitas coloridas. Porém, não antes de percorrer o Jardim dos Cristais, com camas para energização dos chacras.
Vamos passar pelo Círculo do Agora, deixar tudo de negativo para trás, e deitar nas teias, observando a copa dos eucaliptos. Na descida, vamos no abrigar nas okas, que simulam um casulo, observando a calmaria da paisagem.
Essa descrição é só uma provinha do que pode ser visto em Uaná Etê. Falando em provinha, antes de sair, não deixem de visitar o Bistrô e experimentar algumas delícias do cardápio, que prioriza insumos locais e orgânicos, alguns cultivados no próprio jardim.
E assim concluímos essa jornada: com as energias renovadas e a alma mais leve e conhecendo bem melhor o Vale do Café.
Integrantes do grupo Vale do Café Rio citados:
Fazenda Alliança Agroecológica